segunda-feira, 26 de março de 2012

Quem sou eu como professor e aprendiz?


Quem sou eu como professor e aprendiz?
 
Este é um questionamento que nos faz refletir sobre como estamos atuando como  professor na atualidade. Somos aprendizes ou meramente professor. Aquele que ensina aprende, e assim é que surge a necessidade sempre buscar mais conhecimentos em todas as áreas.  Vivemos numa sociedade tecnologicamente falando, e isso requer outra formação além de da licenciatura, a de atuar e  saber lidar com a tecnologia da informação e da comunicação -TIC. O aluno chega à escola com uma  gama de experiência das tecnologias, pois são de uma geração totalmente digital. E aí professor, como você fica nessa estória, se você não buscou conhecer e nem praticar?

NOVAS FORMAS DE APRENDER E ENSINAR NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO



Maria Eunice Costa Rodrigues[1]
Há muitos anos, a sociedade conviveu com o ensino tradicionalmente presencial, com livros, cadernos, carteiras escolares em fila, sala de aula apenas com quadro-giz e o professor, embora em sala, se mantinham distante dos alunos. Romper com esse paradigma não é uma tarefa fácil para os sistemas educacionais e principalmente os agente que fazem educação.
O surgimento de inúmeras ferramentas de informação e comunicação como a TV, o computador, notebook, a internet, iPod , Tablet, Youtube  disponíveis na sociedade, tem mudando essa realidade.  POZO, 2009 (s/p) ele diz que “a imprensa tornou possíveis novas formas de ler, as quais, sem dúvida, mudaram a cultura da aprendizagem”.
Assim também os problemas tem se intensificado por motivo de que a maioria dos educadores não possui  uma  cultura midiática , e os alunos são de uma geração digital. O conflito nas escolas surge em detrimento dessa dicotomia.  É verdade que não se pode ignorar essa realidade e em que estamos vivendo em uma sociedade , digo, não do conhecimento, mas especialmente da informação.
 Mudar as forma de ensinar e aprender exige esforço não só dos profissionais da educação, mas também das estruturas organizacionais do sistema de ensino,  em oportunizar  a todos, como capacitação para professores, equipar as escolas com recurso tecnológicos, o que torna difícil para o estado manter, devido as inovações serem constante, nesse sentido  os recurso ficam absoletos  e a escola  como afirma (POZO, 2009):
já não pode proporcionar toda a informação relevante, porque esta é muito mais volátil e flexível que a própria escola, o que se pode fazer é formar os alunos para terem acesso e darem sentido à informação, proporcionando-lhes capacidades de aprendizagem que lhes permitam uma assimilação crítica da informação (Pozo e Postigo, 2000).

Referência
Artigo “A sociedade da aprendizagem e o desafio de converter informação em conhecimento”, de Juan Ignacio Pozo. http://cursoproinfo100h.blogspot.com/2009/03/sociedade-da-aprendizagem-e-o-desafio.html


[1] Pedagoga, especialista em informática Ana Educação, mestre em Ciências da Educação, Professora da rede pública do estado do Tocantins. Técnica da Educação Fiscal  e professora da Educação Superior.

sexta-feira, 16 de março de 2012

CURRÍCULO E A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO

CAPITULO 2 - CURRÍCULO E A FORMAÇÃO DO PEDAGOGO

Maria Eunice Costa Rodrigues[1]

O estudo crítico da questão curricular na formação do pedagogo requer alguns questionamentos pragmáticos. Por que a escola existe? Por que as pessoas procuram a escola? O querem aprender? Qual é o papel da escola? E sua função enquanto instituição promotora do conhecimento? Quem é o(a) professor(a) que nela está? Como atuam? Não se tem aqui a intenção de levar o leitor a responder essas questões, mas procurar levá-lo a fazer uma reflexão quanto à existência de um currículo que atenda os anseios da sociedade em geral em relação ao processo de formação do ser humano. Essas questões precisam ser levantadas para a construção histórica de um novo direcionamento do currículo, além de tentar conceituá-lo, pois, sabe-se que não existe um conceito verdadeiro e único sobre o termo currículo, uma vez que as mudanças são constantes e tudo é contextualizado conforme o tempo e o espaço em que está inserido.

Os currículos iniciais nas escolas do antigo Egito, da Suméria, da Grécia tinham como eixo central a escrita, a matemática e as artes. Da escrita ensinava-se a leitura a todos, mas o ato de escrever, propriamente dito, ficava reservado às classes sociais economicamente favorecidas. Minorias que chegavam até a escola permaneciam três anos para aprender somente a ler, enquanto as crianças das classes dominantes continuavam para aprender a escrever. Escravos que acompanhavam os filhos dos senhores à escola, aprendiam a ler para ajudá-los nos deveres de casa. Na Roma Antiga, estes escravos eram chamados de pedagogos. As artes fizeram parte dos currículos, em várias civilizações em momentos históricos distintos. Na verdade, a música sempre foi um componente curricular importante, acompanhada pela literatura. As artes visuais, a geometria, o desenho foram componentes curriculares que atravessaram os milênios. Na antiga Grécia, por exemplo, a música era um componente curricular tão importante como a leitura e a literatura. Na Idade Média também se verifica esta presença. Mesmo no século XX, desenho artístico, desenho geométrico, música, canto orfeônico, solfejo faziam parte dos currículos de escolas públicas, inclusive no Brasil.[2]

2.1 DICIONARIZAÇÃO DO CURRÍCULO

O surgimento da expressão currículo deu-se a partir da revolução de 30, dicionarizado pela primeira vez em 1663, tornando-se evidente por volta da metade do século XIX[3]. A expressão teórica foi vista pela primeira vez em livros clássicos como o de Frank Bobbit[4] que tinha como título, “The curriculun” editado em 1918. PACHECO (2005. p, 32) a define como:

A palavra latina curriculum refere-se ao percurso de uma careira ou à carreira em si – um lugar de feitos ou uma série de feitos. Aplicada à educação, é aquela série de coisas que as crianças e os jovens têm de fazer e experimentar. De modo a desenvolverem capacidades para fazerem as coisas bem, para conseguirem resolver os problemas da vida adulta e serem o que os adultos devem ser em todos os aspectos.

O autor conceituou o termo como uma série de coisas que as crianças e os jovens precisam fazer e experimentar para desenvolver habilidades que os capacitem adultos capazes de decidir os rumos de suas vidas.

A racionalidade de Bobbit se baseia nos estudos sobre administração de Taylor, e a influência desses dois estudiosos trouxe grandes contribuições na construção do currículo tendo a teoria tradicional e tecnicista como uma das formas de pensar racional e tecnicamente o ensino. Claudio Piletti (2004, p40 ) afirma que a palavra Currículo “vem do latim – Curriculum e significa percurso, carreira, curso, ato de correr. E seu significado não abrange apenas o ato de correr, mas também o modo, a forma de fazê-lo [...] e o que ocorre no curso ou percurso efetuado.” Esta idéia em comum dos autores, vivida em diferentes contextos reforça a posição da não existência de um conceito pronto. Gimeno, Zabalza, (Pacheco, 2005, Pg. 33) dentre outros, aponta para o currículo como “um conjunto de experiências vividas pelos alunos dentro do contexto escolar, dependentes de intenções prévias, [...] é uma tentativa de comunicar os princípios e aspectos essenciais de um propósito educativo” Segundo Doll (1997), citado por Tânia Fischer na revista RAC, Edição Especial (2001, p. 123-139)

A história dos estudos curriculares deste século fez um nexo muito forte com o gerenciamento científico. Franklin Bobbit e Elwood Culbberley, nos anos 10 e 20, incorporaram as idéias de como o currículo deveria ser planejado e organizado segundo os princípios tayloristas. A racionalidade técnica e a eficientização presidem a construção de currículos como linhas de montagem, cujas unidades operativas são as disciplinas, “o que veio aumentar a produtividade nas décadas de 20, 30 e 40”.

Essa racionalidade burocrática e técnica de Doll trouxe modelos de currículo baseados na prescrição e na diferenciação. Isto significa construir um currículo estruturado e organizado em função de propósitos educativos como se fosse uma linha de montagem. Para o individuo ser eficiente precisa ser dotados de saberes, crenças, atitudes e valores. Assim o currículo é o oferecimento de conhecimentos, habilidades e atitudes socialmente valorizados e postos à disposição dos estudantes, através de uma variedade de arranjos, durante o tempo em que eles estão na escola, na faculdade ou na universidade. No sentido mais prático, o currículo compõe-se da história de vida uma instituição educacional, quanto a sua estrutura organizacional, administrativa, jurídica e pedagógica.

Portanto, no campo educacional está estruturado como todo o percurso que o estudante precisa percorrer para conclusão de um curso, de uma série, uma disciplina. O currículo escolar expressa o caminho que a instituição escolar se propõe para promover a formação dos alunos. Nele estão incluídos os planos de cursos, de ensino e de disciplinas de formação acadêmica, que contêm os conteúdos, a distribuição da carga horária e os horários destinados às aulas.

Toda essa organização, voltada para construção de uma história de vida escolar do aluno denominamos, currículo Formal. Podemos dizer, em termos gerais, que um currículo é um plano pedagógico e institucional elaborado para orientar a aprendizagem dos alunos de forma sistemática. Mas, é importante observar que esta ampla definição pode adotar variadas formas de acordo com as diferentes concepções de aprendizagem que orientam o currículo. No que se refere ao aprender e a e ensinar, o conceito de currículo varia, como também varia a estrutura sob a qual é organizado. E o desenvolvimento curricular, qualquer que seja o nível de planejamento, as decisões têm incidido sobre os objetivos, conteúdos, atividades e avaliação, na procura de repostas para as questões formuladas por Tyler citado por Pacheco (2005, p.49):

que objectivos educacionais deve a escola procurar atingir? Que experiências educacionais podem ser proporcionadas para que seja possível atingir esses objectivos? Como podem esses experiências educacionais ser eficazmente organizadas? Como podemos determinar se esses objectivos estão sendo atingidos”.

Os questionamentos de Tyler demonstram uma preocupação com o modo de como se decide e organiza o desenvolvimento do currículo no contexto escolar. Para ele a autonomia concedida aos mediadores do desenvolvimento do currículo, o professor, depende do modelo de organização curricular que faz relação com o currículo formal e currículo oculto.

O processo de construção de um currículo é contínuo e exige reflexões para tomada de decisões, e este ocorre de modo global em diferentes fases[5] - currículo programado, currículo planificado e currículo real. Pacheco (2005, p. 50) considerou a construção do currículo em: “três contextos/níveis de decisão curricular: político/administrativo – no âmbito da administração central: gestão - no âmbito da escola e da administração regional; de realização - no âmbito da sala de aula”.

Esta forma de construção em níveis exemplifica-se o primeiro nível com os planejamentos a nacional – PNE e Propostas curriculares - PCNs, onde são traçados objetivos e metas educacionais para a educação do País. O segundo nível se exemplifica com Projeto Político Pedagógico nele estão contidas as quatro dimensões: administrativa, jurídica, pedagógica e financeira. E na dimensão pedagógica se constrói o currículo de ensino estabelecendo as disciplinas e os planos de ensino com objetivos, conteúdos, métodos, estratégias e avaliação.

Na afirmação de Pacheco (2005, p. 51): “o desenvolvimento do currículo começa pela proposta formal, genericamente denominada currículo prescrito ou oficial ou currículo escrito”: É o currículo sancionado pela Administração central adotado por uma estrutura organizacional escolar”. Essa afirmação também é para alguns autores, denominada de currículo Formal.

A principal característica do currículo formal ou oficial é o formalismo, que se define por transmissão de conhecimentos, uma vez que, este tenha sido distribuído em disciplinas. Assim, as disciplinas que compõem o currículo são campos de conhecimentos específicos, delimitados e estanques, que devem ser esgotados por professores e alunos em prazos estabelecidos, de um semestre ou um ano. Geralmente, estes setores de conhecimentos se classificam em disciplinas científicas e disciplinas técnicas ou aplicadas, sendo que, freqüentemente as cientificas antecedem as atividades práticas que se realizam em laboratórios ou espaços educativos onde se reproduzem, simultaneamente, os problemas da realidade.

O currículo oculto, segundo a colocação de Apple (1982, 92) “está relacionado às normas e valores implicitamente, porém efetivamente transmitidos pelas escolas e que habitualmente são mencionados na apresentação feita pelos professores dos fins ou objetivos”. Este currículo se manifesta apenas quando é colocado em exposição os saberes adquiridos, as mudanças de atitudes, os valores, formam um conjunto de saberes oculto. Outros autores denominam esses saberes como currículo em ação por se tratar do “fazer pedagógico” no caso, a aula, ou seja, aquilo que o professor sabe fazer utilizando de todas suas habilidades para fazer com competência sem necessitar de ajuda ou até mesmo de um planejamento. Silva, (1988. p. 24) afirma que o currículo oculto “trata-se de um conjunto de regras não formalizadas, que constituem o que Michael Apple denomina de distribuição tácitas de normas e valores, que se dá na vivência de expectativas e rotinas institucionais da unidade escolar.”

Já Currículo Integrado é uma opção educativa que permite uma efetiva integração entre ensino e prática profissional partindo da real integração entre prática e teoria e o imediato teste da prática. Houve um avanço na construção de teorias a partir de busca de soluções específicas e originais para diferentes situações educacionais. A integração ensino/trabalho/comunidade, implica uma imediata contribuição para integração professor/aluno na investigação e busca de esclarecimentos e propostas. Adaptadas a cada realidade local e aos padrões culturais próprios de uma determinada estrutura social.

A composição desses três tipos de organização curricular visa definir as concepções de organização de uma instituição de ensino. Um currículo formal e integrado estrutura os componentes curriculares, as disciplinas que se concretizam com aplicação dos conteúdos, as metodologias a serem utilizadas nas aulas, os métodos de ensino, os recursos didáticos e a avaliação definem a construção de um currículo oculto. (formal/integrado/oculto).

Para Veiga, (1995, p.27) o “Currículo é um importante elemento constitutivo da organização escolar. Currículo implica necessariamente, a interação entre sujeitos que têm um mesmo objetivo e a opção por um referencial teórico que o sustente”. Além disso, o currículo é uma construção social do conhecimento e se concretiza através da interação entre os sujeitos havendo, portanto a necessidade de uma reflexão profunda em seu processo de elaboração.



[1] RODRIGUES, Maria Eunice C. 2008. Currículo para a Formação do Pedagogo com especificidade em Tecnologias da Informação e da Comunicação. / Maria Eunice Costa Rodrigues /. 197 páginas.Tutora: Dra Marta Canese de Estigarribia

[2] Lima, Elvira Souza]. Indagações sobre currículo : currículo e desenvolvimento humano; – Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, 2007. 56 p.

[3]Pacheco, 2005, p. 29

[4]Professor de gestão educacional da Universidade de Chicago, Franklin Bobbitt desempenhou um papel de liderança durante as primeiras três décadas do século XX no estabelecimento de currículo como um campo de especialização no âmbito da disciplina de educação. Born in English, Indiana, a community of less than 1,000 people in the southeast part of the state, Bobbitt earned his undergraduate degree at Indiana University and then went on to teach, first in several rural schools in Indiana and later at the Philippine Normal School in Manila. Nascido em Inglês, Indiana. Bobbitt ganhou sua graduação em Indiana University e, depois, passou a ensinar, em escolas rurais e, mais tarde, em Indiana, na Escola Normal em Manila. After receiving his doctorate at Clark University in 1909, he joined the faculty of the University of Chicago, where he remained until his retirement in 1941. Depois de receber o seu doutorado na Universidade Clark, em 1909, ele aderiu ao corpo docente da Universidade de Chicago, onde permaneceu até sua aposentadoria em 1941. As part of his university duties Bobbitt periodically undertook surveys of local school systems in which he assessed the districts' operations, particularly the adequacy of their curricula. Como parte das suas funções universitárias Bobbitt promoveu vistorias periódicas do sistema local de ensino no qual ele avaliou os distritos' operações, em especial a adequação de seus currículos. His most famous surveys were a 1914 evaluation of the San Antonio Public Schools and a 1922 study of the Los Angeles City Schools' curriculum. Seus mais famosos inquéritos foram uma avaliação de 1914 do San Antonio Escolas Públicas e um estudo de currículo em 1922 nas Escolas da cidade de Los Angeles. Extraído do Artigo: Eficiência Jettisoned: Unacknowledged. Mudanças no currículo do Pensamento. Jonh Franklin Bobbitt. Acessado em 01/07/2008 no site. Esta tradução foi feita pela autora deste trabalho.

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REFERÊNCIAS

APPLE, Michael W. Política cultural e educação. São Paulo: Cortez, 2000.

BRASIL, Senado Federal. Lei de Diretrizes da Educação. Brasília: Senado Federal, 2004.

BRASIL. Proinfo: Informática e Formação de Professores. Brasília, MEC/SEED, 2000.

BRASIL. Referenciais para a formação de professores. Brasília: MEC/SEF, 1999. Disponível: http://portal.mec.gov.br/seb/index.php?option=content&task=view&id=557

PACHECO, José Augusto. Escritos curriculares. São Paulo: Cortez, 2005.

PILETTI, Cláudio. Didática Geral. 23ª Ed. São Paulo, (2004

SILVA, Tomaz Tadeu da. (Org.) Territórios Contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais . Petrópolis, RJ: Vozes, 1995.

________, Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 2ª Ed. Belo Horizonte, Autêntica, 2007

Pacheco. 2005, p. 50. - Quadro comparativo das Fases de Desenvolvimento do Currículo.